Ainda não consegui identificar todas as árvores que estão no pomar dessa casa, mas já sei qual a árvore que tem o maior número: é a jabuticabeira.
Achei uma escolha entranha. Quer dizer, eu consigo imaginar porque decidiram plantar tantas jabuticabeiras. A gente escolhe plantar as coisas, na maioria das vezes, porque a gente aprecia elas. Pode ser gostar da fruta, achar uma determinada planta bonita, gostar do cheiro ou ter boas lembranças. Uma árvore, especialmente, é uma planta com quem a gente pretende ter uma relação longa, de anos, talvez por gerações. Tem que procurar mesmo ser uma relação gostosa.
Mas essa é uma escolha estranha porque apesar de não ter nenhum problema em apreciar e ter vontade de ter certas coisas, parece que quem plantou se esqueceu que nem sempre querer é poder (ou dever). Existem coisas que podemos amar mas que se a gente parar pra pensar um pouquinho no contexto, se dá conta que talvez não seja a melhor escolha.
A Carol Costa do site Minhas Plantas conta num post que ela toda semana recebe uma quantidade de mensagens narrando que é a 5a. (ou 6a, 7a vez…) que tentam cultivar, por exemplo, lavandas, mas elas sempre morrem. As pessoas, aflitas e se culpando, procuram ela como último recurso pra saber o que fazer.
Longe de ficar com a resposta comum – o problema é a falta de “dedo verde” – a Carol nos convida a pensar sobre a adaptabilidade dessas plantas. Talvez elas não sejam tão adequadas assim pra sua casa.
Ela diz: “Quando a gente deixa de impor nossa vontade, a natureza se revela em toda sua generosidade, mostrando mil outras verdinhas para você. Pode ser que seu jardim já esteja até sussurrando alguma plantinha no seu ouvido. Pense antes de sair plantando: o que cresce que nem mato na sua casa? O que vai como chuchu na cerca, mesmo que você não cuide? Esse pode ser o caminho para você e seu cantinho verde fazerem as pazes e começarem de novo, mais fortes”
Prato principal
Como qualquer relação que a gente quer que dure, é muito importante a gente prestar atenção em quem são essas plantas que a gente quer por perto.