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Ai Carla, suas cartas são sempre um afago no coração. Enquanto te leio, sinto que alguém partilha dos mesmos dilemas e indagações e isso me traz conforto porque infelizmente a maioria das pessoas está em outra direção. Já tem tempo que estar no instagram tem me feito mais mal do que bem. Como você bem colocou, a sensação é de que grande parte do conteúdo ali é "espontâneamente forjado". É mais do mesmo, as pessoas seguindo uma determinada fórmula que funciona, com conteúdos pra serem consumidos estilo "fast food" e no final das contas sinto que não fica quase nada do que vejo.

Essa semana não entrei e nem postei e por mais que no começo tenha sido um pouco estranho, ao final tenho me sentido melhor e em paz. Já tive expectativas maiores quanto a ocupar meu espaço no digital. Hoje ainda não sei ao certo se fico ou se vou, mas o meu desejo de estar menos ali, especialmente no instagram, é cada vez maior.

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Fico sempre feliz de te ver por aqui também, Bruna, é bom encontrar quem partilha das mesmas questões, mesmo a gente não tendo resposta. Eu tinha visto que você tinha escrito sobre a vontade que tem sentido de abandonar o Instagram. Eu tenho pensado cada vez mais sobre como não quero que as coisas que faço fiquem muito presas só aqui no digital. Mesmo tendo um site próprio, que não tá tanto à mercê de decisões que eu não posso tomar, ele também acaba sendo um ponto meio isolado, e acho que tem feito cada vez mais sentido esse movimento de propor outros formatos mais físicos. Só não acho que é simples - eu aqui morando isolada sempre me apoio nessa possibilidade de estar separada e junto ao mesmo tempo, assim como também amo poder acompanhar pessoas que levam a vida fora desses grandes centros. Mas de fato, tem sido realmente um desafio ter motivação pra levar adiante a vida nas redes como se não estivesse acontecendo nada.

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Amiga, pra mim é sempre terrível ler o que você escreve porque eu nunca consigo destacar um ponto favorito, por mim grifaria tudo.

Sinto muito esse seu incômodo aí também (os grandes e os pequenos). Um tempo atrás, participei de uma live de uma amiga que está formatando um novo oráculo e me pediu ajuda com os significados de algumas cartas. Nessa live eu comentei com ela que, pra mim, a criatividade é o anticapitalismo e que, por isso mesmo, ele sempre faz o possível pra destruí-la ou colonizá-la. São a criatividade e a espontaneidade que trazem o insondável pra o nosso mundo, o genuíno, o original, o inesperado. Tudo isso é muito ruim pro capitalismo porque traz algo para o qual ele não tem respostas imediatas. Então, a saída é mexer no nosso código-fonte, na nossa cosmovisão, pra que o que a gente aprende a chamar de criatividade seja algo que ele consegue controlar, monetizar, responder. Daí derivam muitas loucuras que as pessoas se deslumbram, tipo a inteligência artificial, que só vai rearranjando o que já foi visto em outras combinações. Por serem inéditas, a gente acha que é tudo original. A gente acha que tá olhando pro futuro com ela, mas na verdade, estamos olhando pra outros passados controlados por esse sistema massacrante. Um beijo em você.

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Paty, eu amo seus comentários, eles sempre me acrescentam. A criatividade é o próprio anticapitalismo, levarei isso pra vida. Um beijo em você também

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Que texto mais lindo, Carla. Conheci sua escrita hoje e já vi que vale a pena te acompanhar <3

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Seu texto conversa muito com o livro Realismo Capitalista do Mark Fisher. Também não vejo outra alternativa além do afastamento da internet. E ter saído do Twitter de uma vez me mostrou que as redes sociais são uma roda de malucos, incapazes de conceber o mundo fora dali. E é um mundo calcado na insatisfação, e esse é um dos motivos de a gente continuar sempre nessa roda de rato (eu sei que vc sabe disso, tô sendo retórica hahahah)

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Pode ser retórica. É muito bom ter um espaço pra falar desse incômodo porque olha... Não é todo mundo que é capaz de sentir a extensão disso tudo aqui não

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Perfeito esse texto, Carla.

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“Um artigo da Insider que topei outro dia botou um espelho na frente dessa minha angústia. Em vez de fotos do dia-a-dia das pessoas, as plataformas se transformaram numa curadoria de imagens que mesmo o que parece mais autêntico foi planejado meticulosamente”

Você conseguiu colocar em poucas palavras um incômodo que eu tinha e não conseguia definir!

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Queria que o Discord virasse o novo MSN rsrs eu andei por aqui tentando fazer sorvete também, mas o fato de não ter uma máquina e elas serem caríssimas me desanimou um bocado. Mas olha mulher, tu me trouxe uma ruma de pensamento tão bom de se ler sobre o fazer das coisas artesanais e as intervenções indústrias, redes sociais e afins. Pra mim é uma luta fazer as pessoas entenderem que o trabalho artesanal tem outro tempo, outro gosto, outro propósito. O termo "artesanal" foi engolido pelo nicho de mercado e o verdadeiro fazer com as mãos é cobrado um padrão irreal. Que hajam mais encontros de pensamentos críticos sobre como vivemos. Pra abrir caminhos no transformar da história das coisas e da nossa realidade. Obrigada pela escrita Carla. Um xero

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Me encontro em muitas palavras suas; estou cansada desse jogo, desse esquema. Acho que entramos na internet, lá atrás, com a ideia de que conseguiríamos criar um novo jeito de funcionar, era uma fuga, um lugar que venceria a meritocracia. Acho que a pior parte da coisa toda estar cagada é essa, ter acreditado e ter de pensar em como vamos colar os cacos de volta e arrumar uma nova saída. Acredito que ainda vamos encontrar, mas agora precisamos mesmo é de um descanso. Tenho tentado levar tudo de forma menos pesada para ter forças quando for necessário; falho com freqüência. haha

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Eu amei demais essa edição, especialmente em como você foi costurando assuntos diferentes para falar sobre a mesma coisa. Deixou-me reflexiva por aqui (e corri pra comprar o “terra arrasada”). Beijos

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Ah, Carla! Pra mim, você é “meu povo”. Um abraço!

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Já te disse isso outras vezes, mas aqui tá sempre aberto pra quando você precisar de uma xícara de açúcar 💚

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Maravilha de texto!

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Gênia!

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Quero morar em cada edição da OutraCozinha.

Obrigada, Carla!

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Gostei! Obrigada!

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É impossível vencer a máquina. Absorvida pelas suas reflexões, me encontrando nelas e ao mesmo tempo tentando encontrar o balão de oxigênio que possa nos salvar dessa m**** toda.....

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Ana meu abraço mais apertado em você. Não tem sido fácil fazer de conta nas redes que nada está acontecendo. Talvez a gente não deveria mesmo. Enorme beijo

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Talvez a gente não deveria. Talvez seja isso. Que bom ter seu abraço. Receba o meu com o mesmo apreço e força ❤️

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Sep 10, 2023Liked by Carla Soares

Esse texto é coisa de quem escreve com voz própria. Parece que eu tava sentada no tapete de casa ouvindo uma amiga falar sobre as coisas que andam povoando a cabeça dela.

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Eu fico muito feliz quando sou recebida desse jeito. Um enorme abraço <3

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Sep 21, 2023Liked by Carla Soares

bem-vinda sempre! <3

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