Eu sempre fiquei um pouco com o pé atrás com aquela frase famosa da Silvia Federici, que diz que "isso que chamam de amor é trabalho não pago."
Eu não tenho nenhuma dificuldade em ver que trabalho doméstico é trabalho, que a sobrecarga dele recai sobre as mulheres e que isso é uma forma de exploração do nosso valor. A minha dificuldade com a frase é por conta do tom de demanda. Se a gente tiver que transformar tudo em dinheiro, em trabalho pago, será que isso não é um tiro no pé? Não é um jeito de fazer com que o capital adentre ainda mais nas nossas vidas e nas nossas relações, e não sobre mais nada que não seja tarefa e produtividade?
Eu cheguei pra ler o livro O Ponto Zero da Revolução com essa pergunta. Eu já tinha lido outro livro da Silvia Federici uns anos atrás, e achado que tinha trazido muitas ideias interessantes pra mim. Cheguei a comentar sobre ele rapidinho num texto sobre intuição e magia que escrevi, porque foi ela quem me explicou porque o capitalismo rejeita tanto a ma…
